Reflexões e poesias de uma geração: Minha Bela Realidade Irreal

Estamos mais inclinados a consumir obras que reforçam nossa visão de mundo ou que nos desafiam a mudá-la?

Ângela Castanho

1/16/20253 min read

O livro Minha Bela Realidade Irreal, de Cecilia Becher Nolli, vai além das páginas ao expor os sentimentos profundos de uma jovem poetisa que transforma suas vivências em versos intensos e reflexivos. Publicado em julho de 2024, a obra mistura realidade e ficção, explorando temas como solidão, identidade, autoaceitação e os desafios de amadurecer.

Com um estilo sentimentalista e um tom muitas vezes melancólico, o livro carrega a voz de uma geração que luta para se encontrar em um mundo de expectativas sufocantes. A autora, nascida em Florianópolis, descreve suas experiências em um misto de confissão e catarse, utilizando sua arte para questionar padrões e compartilhar verdades muitas vezes dolorosas.

Um grito de autenticidade

O livro debate a desconexão entre quem somos e quem a sociedade espera que sejamos. Trechos como "Me ensinaram que ser eu é ser o que querem que eu seja" expõem o conflito interno de uma geração pressionada a se moldar para agradar, enquanto luta para manter sua autenticidade. Para leitores jovens, o texto se torna quase um espelho de suas próprias crises e buscas.

Mas a obra também vai além do individual. Ao abordar o machismo, os padrões estéticos e o controle social sobre mulheres, Cecilia tece uma crítica poderosa. A metáfora da "inquisição" contemporânea contra mulheres "fora dos padrões" provoca uma reflexão: até que ponto estamos avançando como sociedade?

Fuga pela literatura

Outro ponto forte é a relação da autora com a literatura. Cecilia utiliza a leitura e a escrita como refúgio e reconstrução, algo simbolizado no verso "Escrevendo poesias ao invés de ir à terapia". Livros e personagens fictícios não apenas entretêm, mas ajudam a autora a reinterpretar sua própria realidade.

No entanto, essa fuga também levanta questões sobre o escapismo na juventude. A busca por uma "realidade ideal" nas páginas de um livro pode ser libertadora, mas também limitante. Como equilibrar fantasia e vida real? Como usar a arte como ferramenta de enfrentamento e não como barreira?

O impacto da poesia contemporânea

Minha Bela Realidade Irreal é uma obra que dialoga diretamente com o leitor, propondo uma linguagem acessível e tocante. A poesia de Cecilia tem o poder de engajar uma audiência que, muitas vezes, não encontra representatividade em narrativas mais tradicionais.

Porém, surge o questionamento: até que ponto a literatura contemporânea, ao focar nas dores e angústias pessoais, deixa de oferecer caminhos para superação e transformação social? Será que histórias tão íntimas também precisam de soluções coletivas?

Debate aberto

  1. A literatura como refúgio ou enfrentamento? A obra explora como a escrita pode ser terapêutica, mas o quanto ela deve também provocar ações na vida real?

  2. A angústia geracional é universal? Os dilemas e conflitos da juventude retratados no livro dialogam com leitores mais velhos ou são específicos desta geração?

  3. Quebrando padrões sociais: Como a poesia pode desafiar normas de gênero, beleza e comportamento em uma sociedade que ainda luta por igualdade?

Compartilhe sua opinião sobre Minha Bela Realidade Irreal e participe dessa conversa que ultrapassa as páginas do livro. Afinal, é possível encontrar beleza na realidade, mesmo quando ela parece irreal? Comente abaixo! Ainda não tem o livro? Corra e adquira o seu ao fim da página!

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